O legado de um Pai

2025-03-19   Publicado por:

Não há maior dádiva do que aquela que recebemos através da vida que os nossos pais nos concederam.  


Somos seres fascinantes, imbuídos de sonhos e projetos; somos criativos e inovadores, capacitados para amar desde o primeiro instante, possuidores de um organismo com características únicas na natureza, que se emociona e que pensa, que sente e que possui um intelecto ímpar. Contudo, para podermos ter acesso a esta experiência que é estarmos vivos, temos de ser abençoados com a vida que só os pais nos podem conceder.  


Existem, contudo, muitas histórias difíceis relacionadas com o progenitor masculino, e a celebração do Dia do Pai pode evocar memórias contraditórias e uma ambivalência direcionada à figura paterna que nos tocou viver enquanto filhos.


É um enorme paradoxo sentir que aquilo que nos permitiu estar vivos, possa também ter sido fonte de sofrimento ao longo do nosso desenvolvimento.  


A figura do pai é fundamental na vida dos seus filhos/as muito para lá da mera concepção, contudo, estes muitas vezes carregam também heranças pesadas provenientes de gerações anteriores.  


A boa notícia é que é sempre possível interromper ciclos de dor, bastando, para isso, questionar e observar de que forma vivemos a nossa vida enquanto filhos, olhar para aquilo que correu bem, o que não gostámos, o quão acompanhados e acolhidos nos fizeram sentir no nosso seio familiar, quais as linhas vermelhas que foram ultrapassadas e que talvez só agora, mais tarde, tenhamos tomado consciência delas. Com o reconhecimento dessa nossa bagagem biográfica, podemos tentar levar a menor quantidade de dor que nos for possível para a próxima geração. 

 

Tudo isto, com a máxima compaixão pelo pai que o nosso progenitor conseguiu ser, com os recursos de que ele próprio dispunha, e também com a noção de que a componente social, cultural e económica também definem o tipo de pai a que tivemos acesso, e que teve de educar em conformidade com o contexto histórico dessas dimensões.


É também necessário sermos compassivos com o melhor que nós próprios conseguiremos fazer pelos nossos filhos e filhas, sem a pretensão de sermos perfeitos, e sim com consciência de que a imperfeição é característica da nossa condição humana.


Independentemente da nossa experiência ser mais agradável ou mais difícil de recordar enquanto filhos/as, que possamos agradecer  neste dia, essa incrível oferta que nos foi concedida pelos nossos pais: a vida.

Podermos estar vivos, com tudo o que isso significa, e podermos também ser fonte geradora de nova vida, ganhando assim a possibilidade de fazer diferente, num ciclo de evolução constante.


Que este seja um bom dia para todos os pais.

 

Autor: Mário Patinha
Terapeuta Transpessoal

Tags: #desenharfuturos, #diadopai, #pai, #paternidade

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