Morte é um assunto para crianças?

2025-10-31   Publicado por:

Quem é que gosta de falar de morte? Penso que ninguém (ou quase ninguém). 

No entanto é algo inevitável, por mais que queiramos evitar, todos iremos passar por lutos e eventualmente alguns durante a infância, sem que nunca tenhamos ouvido falar sobre o assunto. Como adultos, sentimos muitas vezes a necessidade de proteger as crianças, alienando-as de algumas realidades. Embora seja um assunto complexo e difícil de conversar, perante a possibilidade de acontecerem perdas ao longo da vida da criança, falar sobre a morte de uma forma natural é importante para que esta não seja “apanhada de surpresa”. 

Mas para começar, será que as crianças entendem o que é a morte? 

A compreensão do conceito de morte pode ser diferente de acordo com a fase de desenvolvimento e a forma como conversamos com elas sobre este tema deve ter em conta a faixa etária da criança.

Dos 2 aos 5 anos: Acreditam que a pessoa falecida pode regressar após a morte, tal como acontece nos desenhos animados ou nos jogos, em que as personagens voltam sempre. Nesta faixa etária, têm dificuldade em compreender conceitos como céu, alma ou ser uma estrelinha. Além disso, pensam que não acontece a todos, ou seja, que pode ser algo evitável para alguns.

Dos 6 aos 10 anos:  Começam a compreender o conceito de irreversibilidade, ou seja, compreendem que a pessoa não volta. É comum fazerem questões frequentemente sobre a morte. Podem desenvolver medo da morte (da própria morte e daqueles que lhe são próximos) e sentem uma preocupação excessiva com a saúde.

A partir dos 11 anos:  Na transição para a adolescência consolida-se a compreensão da morte como um processo universal, irreversível e inerente a todos os seres vivos.
 
A morte é um assunto que requer sensibilidade e disponibilidade para responder a todas as dúvidas e questões (mesmo que para algumas não tenhamos resposta) e para abraçar e acolher todas as emoções que advirem deste momento.
 

Autor: Marcela Leite
Psicóloga com Especialização Avançada em Intervenção Psicológica no Luto
Coordenadora do Departamento de Psicologia da Desenhar Futuros

Tags: #morte, #desenharfuturos, #infancia

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