Cancro! Uma palavra pequena, mas incrivelmente assustadora. Pequena, mas dura, intensa, cruel, intimidante!
E quando nos é dito a nós? “Tem cancro.” É muito difícil explicar todo o medo avassalador que surge, que nos envolve, que nos deixa sem chão, que nos suga o ar e quase quebra. Mas só quase, porque no interior de nós cresce uma força capaz de nos fazer derrubar todos os muros, quebrar todas as barreiras, enfrentar todos os obstáculos e confiar que é possível vencer, apesar de termos consciência que o caminho não será fácil, que nos pode pregar rasteiras, que será uma montanha-russa de subidas e descidas, de dias bons e menos bons, mas deve ser um caminho feito sem perder a fé, em nós, em Deus, na vida, da medicina. Não importa qual o tipo de fé, mas importa tê-la. Porque ela nos move, nos faz acreditar que é possível vencer, nos faz confiar que tudo vai dar certo e nos faz ser positivos.
No primeiro texto que eu escrevi sobre o tema, eu lembro-me de ter dito: “O segredo está em nunca questionar “Porquê eu?” e em enfrentar com a mesma positividade que sempre levei a minha vida. O choque é grande, mas a minha força de vencer é mil vezes maior”.
Hoje, depois da maior provação que passei na minha vida, continuo a achar que este pensamento me deu força ao longo de todos os meses de tratamento, de dúvidas, de anseios, de receios, de medos.
Primeiro, a questão do “Porquê eu?" não nos trará respostas, não resolverá os nossos problemas, não há nada que pudessemos ter feito diferente, a vida é aquilo que tem de ser. Por isso, eu acho que as primeiras questões devem ser: "Qual o próximo passo?" e "Vamos a isso, eu sou capaz, eu vou conseguir."
Segundo, nunca devemos duvidar da nossa força. Nunca ponham em causa a força que têm! Se tiverem de chorar, chorem, gritem, barafustem, mas depois sequem as lágrimas e confiem no quão fortes são. O nosso corpo surpreende-nos positivamente quando assim é preciso.
Terceiro, rodeiem-se de tudo o que seja positivo. Pessoas positivas, momentos positivos e felizes, histórias positivas e de superação.
Não há uma receita certa para enfrentar a dor que é saber que se tem cancro, mas há ingredientes que podem ajudar a tornar a jornada um bocadinho mais fácil e atenuar a dor. Não se acomodem, não desistam, não baixem os baixos, não duvidem da vossa força, não deixem que a doença vos defina.
Vocês têm a doença, mas não deixem que a doença vos tenha a vocês.
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